domingo, 18 de março de 2007

As pessoas e suas falhas...

Uma das coisas que fascina na cidade de San Francisco é ela estar localizada sobre a falha de San Andreas, que é um desnível no terreno da região que provoca pequenos abalos sísmicos de vez em quando e grandes terremotos de tempos em tempos. Você está mui faceiro caminhando pela cidade, apreciando a arquitetura vitoriana, a baía, a Golden Gate, e de uma hora para outra pode perder o chão, ver tudo sair do lugar, ficar tontinho, tontinho. É pouco provável que vá acontecer justo quando você estiver lá, mas existe a possibilidade, e isso amedronta mas ao mesmo tempo excita, vai dizer que não?

Assim são também as pessoas interessantes: têm falhas. Pessoas perfeitas são como Viena, uma cidade linda, limpa, sem fraturas geológicas, onde tudo funciona e você quase morre de tédio. Pessoas, como cidades, não precisam ser excessivamente bonitas. É fundamental que tenham sinais de expressão no rosto, um nariz com personalidade, um vinco na testa que as caracterize.

Pessoas, como cidades, precisam ser limpas mas não a ponto de não possuirem máculas. É preciso suar na hora do cansaço, é preciso ter um cheiro próprio, uma camiseta velha pra dormir, um jeans quase transparente de tanto que foi usado, um batom que escapou dos lábios depois de um beijo, um rímel que borrou um pouquinho quando você chorou. Pessoas, como cidades, têm que funcionar, mas não podem ser previsíveis. De vez em quando, sem abusar muito da licença, devem ser insensatas, ligeiramente passionais, demonstrarem um certo desatino, ir contra alguns prognósticos, cometer erros de julgamento e pedir desculpas depois, pedir desculpas sempre, pra poder ter crédito e errar outra vez.

Pessoas, como cidades, devem dar vontade de visitar, devem satisfazer nossa necessidade de viver momentos sublimes, devem ser calorosas, ser generosas e abrir suas portas, devem nos fazer querer voltar, porém não devem nos deixar 100% seguros, nunca. Uma pequena dose de apreensão e cuidado devem provocar, nunca devem deixar os outros esquecerem que pessoas, assim como cidades, têm rachaduras internas, portanto podem surpreender.

Falhas. Agradeça as suas, que é o que humaniza você, e nos fascina.

- autor desconhecido, mas muito apreciado -

5 comentários:

  1. Olá Claudia!
    Ao ler essa mensagem , lembrei-me desta outra de Eilen Cady:



    ''Foi-me mostrado um passarinho que aprendia a voar. Os seus primeiros esforços foram mediocres. Mas à medida que ele utilizava as suas asas, elas iam adquirindo vigor até ter encontrado a liberdade do voo e ser capaz de planar a grande altitude e voar grandes distâncias sem esforço.

    Ouvi as palavras:

    ''A Fé vem com a prática.
    Vive pela fé até que ela se torne sólida como uma rocha, até que seja inabalável.
    Encontra a liberdade do espírito.''

    Eileen Cady
    ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

    Aprende-se a viver vivendo.
    Tendo tanta fé no Bem até que nada mais exista que não seja Bem.

    Enquanto isso, cair e falhar, faz parte da caminhada.


    Haja paz nos nossos corações

    Ananda

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  2. Um amigo leu e mandou para mim. Um presente para começar a semana. Gostei do texto e da sensibilidade.
    Gente é assim como os lugares onde a gente mora: se tiverem cara de loja são só casas. Têm que ter riscos, marcas, um pouco de bagunça e a possibilidade de mudar as coisas de lugar, de vez em quando.Aí viram lar. Nossa casa.
    Abração.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Adoro este texto, já li...não me lembro onde mas o autor ah esse eu sei é da Martha Medeiros.
    Foi bom reler e ótimo muito boa a cont. do EFT tb
    bjksusana

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  5. Nossa, que lindo!!!!!!!Edeli

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