quarta-feira, 27 de abril de 2011

A Aceitação - Dugpa Rinpoche



As contingências da vida não são teus adversários, mas teus aliados. Aprende a recebê-las, mesmo quando te transtornam. A aceitação é a forma mais elevada de Amor. É o «sim» definitivo à experiência sagrada da vida.


Quando tu andas, abandona-te à estrada, com o espírito calmo, sem tensão nem agitação. A marcha é regeneradora. Utiliza-a como uma meditação.
O corpo físico é uma prenda suprema que deves proteger e respeitar. É chamado «corpo precioso» nos ensinamentos do Vajrayana. Toma consciência do milagre da tua existência.
Pergunta-te a ti próprio: «Como posso ajudar os outros?». Reencontra o dom da atenção e da afeição, então os outros crescerão contigo, e conhecerás a alegria e a plenitude do coração.
Abandona-te ao amor, mesmo se não lhe conheceres a finalidade misteriosa. Libertar-te-á do teu medo e cobrirá de sol todos os teus atos.
Aquele que encontrou o seu lugar é semelhante à árvore. Ganha raiz e não se desloca mais.
Afirma positivamente o mundo nos teus atos e nos teus pensamentos. Considera toda a criação com respeito e encantamento.


Felicidade do nômade: aquele que caminha enraíza-se a cada passo que dá. Tem o seu lugar onde quer que se encontre. Renova o amor deslocando-se.
Aceita o mundo tal como é realmente e não como ele se apresenta.
A aceitação de si e a aceitação dos outros são as duas faces de uma mesma moeda. A mesma riqueza.


Aprende a relaxar a tensão dos nervos, a controlar a respiração e o bater do coração, a ver flutuar as sensações sem procurar retê-las. Treina-te ao abandono do corpo e do espírito, se quiseres ganhar o mundo. Só se recebe o que se aceita perder.
Abandonar não quer dizer esquecer, mas tornar presente, sem amarras nem laços. É um ato de libertação. Afrouxam-se os laços, e o mundo que nos rodeia deixa de estar deformado pelas nossas obsessões, os nossos fantasmas. Torna-se de novo livre.
Não deves suportar a tua vida, mas levá-la. Só o amor é capaz de um tal prodígio.
O relaxamento é uma das primeiras formas de abandono. O corpo deixa de lutar contra a atração terrestre. Abandona-te à gravitação, como o fazem todos os astros e todos os corpos celestes.
Relaxar não quer dizer tomar repouso, isolar-te do tumulto ou do barulho, mas acolher o mundo, preparar-se para o receber.


O desapego não é a supressão, a sepultura. Pede uma presença constante no mundo, uma proximidade cada vez maior dos outros, sem intenção, gratuitamente.
Em certas circunstâncias, a vida entrega-se a nós por surpresa, para nos maravilhar. Surge por vezes onde menos se espera; em casa do estrangeiro, ou em casa do teu inimigo. É preciso largar carga, para subir mais alto.
A aceitação oferece um risco muito maior do que o simples fato de amar. Aquele que se abandona não se contenta apenas com amar. Dá-se a si próprio a audácia de o fazer. Empenha-se numa grande aventura.
Aquele que abandona não renuncia. Aceita. O abandono não é um reflexo egoísta, mas um dom de amor. Permite reencontrar os outros, autenticamente, atrás das máscaras, do artifício e da ilusão.
Abandonar-se significa tornar-se livre.


Aprende a renunciar ao que embaraça e faz obstáculo, para melhor acolher o outro. Retira tudo o que se opõe, protege, encerra - tudo o que pode ferir e incomodar o encontro com o outro.
Não nos abandonamos para nos entrincheirar contra o mundo, mas para acolher a alegria, no meio do mundo. Perdendo o inútil, reencontras o essencial.
Abandonar-se ao mundo exige uma vigilância acirrada, um olhar de águia por cima do abismo. Aquele que se mantém constantemente em vigília deixa de cair.

DUGPA RINPOCHE

Recado do Universo



A principal coisa que aqueles que já "passaram" gostariam de dizer aos que ainda não "passaram" é que, depois de superar o choque de haver chegado com segurança - completamente intacto, tranquilo como nunca e banhado em amor - o que mais se sente falta da Terra, depois do sorvete, é o cativante romance com a incerteza.

Ah sim, você vai sentir.

O Universo

www.tut.com - Trad. de Claudia Giovani/11

terça-feira, 12 de abril de 2011

Uma existência sem problemas?


Fui perguntada por alguém em meu grupo se haverá um dia quando não teremos mais problemas para evoluir.
Como gostaram da minha resposta, resolvi colocar aqui porque pode ajudar mais gente.

Minha resposta:

Sabemos que não existe capeta algum, é só um ponto vista. O negativo não existe, somos nós que qualificamos um acontecimento como positivo ou negativo. Bem como, problemas não existem.
Existem situações mais ou menos desafiantes, e estão estimulando o seu próprio potencial de levantar da rede de balanço e fazer alguma coisa. Um mundo sem tais situações é um mundo na rede de balanço ou nas nuvens tocando harpas.
Sinto muito, mas se chegar a esse mundo em pouco tempo estará sofrendo de depressão. É uma caca não ter nada para pensar, para fazer, para sentir, para resolver, para criar. Podemos refinar tudo isso, mas acabar? É o mesmo que acabar com o movimento criador do Universo!

Somos feitos da mesma energia CRIADORA que cria Universos, portanto somos criadores e criativos. As situações nos levam a usar nossos poderes mais básicos. Acabar com isso é acabar com o Universo!

Nada de ruim acontece quando aprendemos a ver o quadro todo que vai muito além do nosso umbigo. Somos uma coletividade de umbigos, cada qual voltado para si mesmo, emitindo pensamentos (leia-se vibrações) sobre isso ou aquilo. E estamos aprendendo, através de situações estimulantes, a perceber que existem muitos outros umbigos envolvidos numa criação. E aprendendo que se nos unirmos em algo como um umbigão comum temos mais força e criaremos mais daquilo que nos faz bem agora.
Pequenas estrelas colidem para formar uma estrela maior e mais potente. A colisão é negativa? Tudo é ponto de vista. E esse ponto de vista depende de onde você está.

Os hindus dizem que a Energia Criadora se expande como os raios do sol. À medida que esses raios vão se distanciando da fonte, começam a “achar” que têm vida própria, independente de qualquer fonte. E assim nasce a visão de muitos até hoje: “A Fonte está lá no céu e eu aqui. (Caraca! Bem folgada essa Fonte. Eu fico ralando
e ela não faz nada para me ajudar!)” E assim nasceu o véu da ilusão, o véu de Maya: nasceu a separação: Eu e o Pai NÃO somos Um.

Pois bem, do ponto de vista vantajoso da Fonte, está tudo certo e indo muito bem, seus raios continuam se expandindo, criando novas situações, se aventurando onde nunca antes estiveram!
Do ponto de vista da criatura, cega pelo véu de Maya, está tudo mal! É só problema atrás de problema e aquele cara lá de cima, em vez de me ajudar, vive de SPA em SPA!
Compreende como o nosso ponto de vista é limitado? Não vemos a Fonte nem nos sentimos parte indispensável dela.
Compreende que a Fonte de Energia Criadora não tem a menor intenção de lhe criar problemas, ou lições para você evoluir? E que aquilo que vemos como problemas são apenas situações que estão nos levando cada vez mais a mudar o nosso ponto de vista?

Portanto, anja, ser feliz é uma escolha. Você pode ser feliz a partir de agora. Ter problemas é uma escolha, você pode se sentir estimulada com as novas situações a partir de agora. Não gostar da criação de outras criaturas é uma escolha, você pode começar a amar as criações que provocam novas situações a partir de agora.

Sim, existirá um tempo quando não haverá dualidade, mas não significa que não haverão situações estimulantes. Quando você criar esta realidade não-dual para você, seu ponto de vista será tão vantajoso quanto o da Fonte, mas a expansão – e novas situações – continua. Por que? Porque a Energia é Criadora! Ela não sabe parar de criar, é da natureza dela criar eternamente e sempre haverão estrelas que vão colidir.

- Claudia Giovani

domingo, 6 de março de 2011

Se não houver mudança. não haverá aprendizado

É muito bom ler livros de auto-ajuda, participar de workshops, fazer terapia ou algum tipo de aconselhamento. Tudo isso contem um potencial para o nosso despertar interior, pode nos ajudar a crescer e expandir a nossa consciência, e pode produzir mudanças profundas em nós. Mas, o que diferencia de um mero potencial ao fato de que esse potencial pode desabrochar, é a nossa disposição em integrar um novo conhecimento em nossas vidas.

A aprendizagem se dá quando colocamos em prática o conhecimento adquirido, ganhamos experiência e percebemos as mudanças. A aprendizagem efetiva produz:
- mudança na estrutura do pensamento;
- mudança no desempenho;
- mudança na conduta;
- mudança de ponto de vista para lidar com os assuntos cotidianos.

Se percebemos que lemos livros e artigos, participamos de workshops, fazemos terapias e aconselhamentos e nada muda em nossa vida é porque não estamos aprendendo, estamos apenas nos informando.

Para que uma informação passe de simples aquisição intelectual ou mero entretenimento a um valor integrado ao nosso modo de pensar e agir, incorporado em nosso cotidiano, melhorando notavelmente a nossa vida, precisamos de alguns ingredientes fundamentais:
- humildade,
- abertura,
- boa disposição,
- vontade,
- compromisso,
- e muita perseverança.

Humildade e abertura. Se quero realmente aprender algo preciso antes reconhecer e aceitar que o que sei não é o bastante ou é incorreto ou é inadequado para o meu momento. Ou mesmo que o que sei não produz os resultados que desejo. Portanto, é preciso estar disposto a implementar as mudanças necessárias para obter os resultados que deseja - com compromisso e perseverança. Este trabalho demanda que nos enfoquemos em incorporar, consciente e deliberadamente, o novo conhecimento ou informação.
Se assim não for, ficaremos indo de informação em informação sem obter resultado prático algum.

Portanto, não basta informar-se sobre algo, é preciso fazer do novo conhecimento uma experiência. Uma grama de prática traz muito mais resultados que mil livros lidos apenas como informação.

Todos, sem exceção, desejamos paz, bem-estar, saúde, equilíbrio, prosperidade e harmonia. No entanto, nem sempre o conseguimos porque o que sabemos, pensamos e fazemos não combinam nem se alinham, isto é, sabemos uma coisa, pensamos outra e fazemos algo ainda diferente. Por exemplo, sabemos que o consumo da carne é a maior causa do desmatamento atual porque gera a necessidade de pastagens cada vez maiores, pensamos que só um pouco de carne nas refeições não vai fazer diferença e fazemos/promovemos churrascos para comemorar aniversários.


Portanto, se não houver mudança, não haverá aprendizado e continuaremos nos indignando com o desmatamento que nós próprios provocamos com nosso comportamento dúbio. Se não houver mudança, continuaremos reclamando que não conseguimos isso e aquilo e continuaremos nos distanciando da vida que realmente queremos para nós.

_ Claudia Giovani

quarta-feira, 2 de março de 2011

A Respiração - por Eckhart Tolle



Podemos descobrir o espaço interior criando lacunas no fluxo de pensamentos.
Sem elas, o pensamento se torna repetitivo, desprovido de inspiração, sem nenhuma centelha criativa - e é assim que ele é para a maioria das pessoas. Não precisamos nos preocupar com a duração dessas lacunas. Alguns segundos bastam. Aos poucos, elas irão aumentar por si mesmas, sem nenhum esforço de nossa parte. Mais importante do que fazer com que sejam longas é cria-las com frequencia para que nossas atividades diárias e nosso fluxo de pensamento sejam entremeados por espaços.

Certa ocasião alguém me mostrou a programação anual de uma grande organização espiritual. Quando a examinei, fiquei impressionado pela rica seleção de seminários e palestras interessantes. A pessoa me perguntou se eu poderia recomendar uma ou duas atividades. "Não sei, não. Todas elas me parecem muito interessantes. Mas eu conheço esta: tome consciencia da sua respiração sempre que puder, toda vez que se lembrar. Faça isso durante um ano e terá uma experiência transformadora bem mais forte do que a participação em qualquer uma dessas atividades. E é de graça."

Tomar consciência da respiração faz com que a atenção se afaste do pensamento e produz espaço. É uma maneira de gerar consciência. Embora a plenitude da consciência já esteja presente como o não-manifestado, estamos aqui para levar a consciência a essa dimensão.

Tome consciência da sua respiração. Observe a sensação do ato de respirar. Sinta o movimento de entrada e saída do ar ocorrendo em seu corpo. Veja como o peito e o abdomen se expandem e se contraem ligeiramente quando você inspira e expira. Basta uma respiração consciente para produir espaço onde antes havia a sucessão initerrupta de pensamentos.

Uma respiração consciente (duas ou três seria ainda melhor) feita muitas vezes ao dia é uma maneira excelente de criar espaços em sua vida. Mesmo que você medite sobre sua respiração por duas horas ou mais, o que é uma prática adotada por algumas pessoas, uma respiração basta para deixa-lo consciente. O resto são lembranças ou expectativas, isto é, pensamentos.

Na verdade, respirar não é algo que façamos, mas algo que testemunhamos. A respiração acontece por si mesma.. Ela é produzida pela inteligência inerente ao corpo. Portanto, basta observá-la. Essa atividade não envolve nem tensão nem esforço. Além disso, note a breve suspensão do fôlego - sobretudo no ponto de parada no fim da expiração - antes de começar a inspirar de novo. Muitas pessoas tem a respiração curta, o que não é natural. Quanto mais tomamos consciência da respiração, mais sua profundidade se estabelece sozinha.

Como a respiração não tem forma própria, ela tem sido equiparada ao espírito - a Vida sem uma forma específica - desde tempos ancestrais. "O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas um sopro de vida; e o homem se tornou um ser vivente." A palavra alemã para respiração - atmen - tem origem no termo sânscrito Atman, que significa o espírito divino que nos habita, ou o Deus interior.

O fato de a respiração não ter forma é uma das razões pelas quais a consciência da respiração é uma maneira eficaz de criar espaços na nossa vida, de produzir consciência. Ela é um excelente objeto de meditação justamente porque não é um objeto, não tem contorno nem forma. O outro motivo é que a respiração é um dos mais sutis e aparentemente insignificantes fenômenos, a "menor coisa", que, segundo Nietzsche, constitui a "melhor felicidade". Cabe a você decidir se vai ou não praticar a consciência da respiração como verdadeira meditação formal. No entanto, a meditação formal não substitui o empenho em criar a consciência do espaço na sua vida cotidiana.

Ao tomarmos conciência da respiração, nos vemos forçados a nos concentrar no momento presente - o segredo de toda a transformação interior, espiritual. Sempre que nos tornamos conscientes da respiração, estamos absolutamente no presente. Percebemos também que não conseguimos pensar e nos manter conscientes da respiração ao mesmo tempo.

A respiração consciente suspende a atividade mental. No entanto, longe de estarmos em transe ou semidespertos, permanecemos acordados e alerta. Não ficamos abaixo do nível do pensamento, e sim acima dele. E, se observarmos com mais atenção, veremos que essas duas coisas - nosso pleno estado de presença e a interrupção do pensamento sem a perda da consciência - são, na verdade a mesma coisa: o surgimento da consciência do espaço.

(pg. 211 do livro O Despertar de uma Nova Consciência de Eckhart Tolle - Ed. Sextante)

domingo, 6 de fevereiro de 2011

DISCIPLINA



Hoje, assuma o compromisso de levar em frente as suas aspirações. Perceba que para conquistar qualquer coisa é preciso manter firme a disciplina. Entenda que o empenho continuado e constante é a chave que destranca as portas do seu sucesso. A repetição intencional e concentrada leva à excelência. Faça da disciplina um hábito. Pergunte-se qual é a área da sua vida que precisa de mais disciplina de sua parte para que possa se desenvolver. Todos os dias, invista um tempo para os projetos que quer concluir, seja o aprendizado de um novo instrumento, técnica ou dança, o estudo de determinado assunto ou a realização do seu trabalho cotidiano ou específico. Não esmoreça.


("O livro dos valores e das virtudes" - Claudia Boacnin)